Rebranding ou Redesign

Rebranding vs. Redesign: Entendendo as Diferenças

Nos diversos resumos sobre mudanças de marca que ocorreram em 2024, percebi uma confusão frequente no uso dos termos rebranding e redesign. Essa imprecisão pode comprometer a comunicação entre profissionais e, consequentemente, entre empresas e clientes. Por isso, decidi trazer mais clareza ao assunto – ou talvez seja apenas um reflexo da minha formação acadêmica, sempre voltada à precisão conceitual e à pesquisa.

A verdade é que nem todo redesign implica um rebranding. De forma objetiva: o redesign de uma marca refere-se à alteração parcial ou total de um logotipo e/ou identidade visual. Trata-se de uma mudança estética, que pode variar desde ajustes sutis até uma reformulação completa da marca.

Já o rebranding é uma transformação mais profunda e estrutural, relacionada ao reposicionamento da empresa no mercado. Esse tipo de mudança geralmente exige uma nova comunicação visual (e, em alguns casos, verbal) para refletir a nova identidade da marca. Por isso, é comum que um rebranding inclua um redesign.

No entanto, um redesign pode ocorrer sem que haja um rebranding. Às vezes, ele é motivado por uma necessidade de otimização da identidade visual, melhorando sua aplicação em diferentes suportes. Outras vezes, acontece simplesmente porque o CEO decide “modernizar” a marca – muitas vezes sem uma justificativa estratégica sólida.

Exemplos de Redesign e Rebranding

Entre os exemplos de redesign, temos o caso da Amazon, que realizou ajustes sutis em sua identidade visual: a tipografia foi ligeiramente modificada, a cor laranja ganhou mais intensidade e o traço da flecha foi engrossado, conferindo maior peso visual ao símbolo. Para a maioria das pessoas, essas mudanças passam despercebidas.

logo de amazon

A Norwegian Airlines também passou por um redesign mais perceptível, aprimorando a tipografia e ajustando a composição do logotipo para alcançar um equilíbrio gráfico superior.

norwegian logo

Já a Kleenex optou por um redesign focado na unificação da identidade visual em escala global. A marca adotou uma tipografia personalizada e abandonou o logotipo puramente tipográfico em favor de um logotipo com fundo, tornando sua aplicação mais versátil em diferentes embalagens e cores.

kleenex

Essas mudanças, no entanto, não refletem transformações estruturais na empresa, nos produtos ou na estratégia de mercado. Diferente do caso da Jaguar, que passou por um rebranding completo.

A icônica montadora britânica abandonou o segmento premium (dominado por BMW, Mercedes-Benz e Audi) para se reposicionar no mercado de automóveis de luxo, onde competirá com marcas como Maserati, Porsche e as linhas de alta performance da BMW, Mercedes-Benz e Audi.

jaguar

Esse novo posicionamento busca atrair um público diferente e transmitir uma nova mensagem. A marca rompeu com sua herança britânica tradicional e sua imagem predominantemente masculina para abraçar uma identidade mais artística, imaginativa, inclusiva e destemida. O objetivo não é apenas vender carros, mas um estilo de vida e um status social. Por isso, a nova identidade visual da Jaguar se alinha mais com o universo da moda de luxo e da perfumaria sofisticada.

Conclusão

Podemos concluir que o rebranding é um processo muito mais complexo que um redesign. Enquanto o redesign é, na maioria dos casos, uma alteração estética, o rebranding envolve uma transformação profunda na essência da marca. Um projeto de rebranding exige uma análise detalhada da história, processos, valores, diferenciais e posicionamento da empresa. Já um redesign pode ser motivado tanto por um rebranding quanto por uma auditoria de marca ou consultoria de comunicação.

A clareza na diferenciação desses termos não é apenas uma questão técnica, mas um fator essencial para uma comunicação estratégica eficiente entre marcas, profissionais e consumidores.