Os segredos por trás dos símbolos

No mundo da identificação corporativa, os símbolos são um dos elementos que servem para identificar as marcas. No entanto, a criação desses símbolos não é fácil, pois vários parâmetros de desempenho devem ser levados em consideração para sua construção efetiva. Um desses parâmetros é a compatibilidade semântica, ou seja, a relação entre o significado do símbolo e sua forma de representação. Essa relação pode ser determinada por dois eixos: motivação e arbitrariedade, e figuração e abstração. Neste artigo,vamos explorar estes conceitos e vamos analisar em detalhe a criação do símbolo da marca Santa Clara Madeiras.

Da motivação à arbitrariedade e da figuração à abstração: pensando na construção de um símbolo de marca eficaz

Os símbolos são signos que identificam as marcas e é importante levar em consideração a relação entre seu significado e sua forma de representação (compatibilidade semântica) ao construí-los. Isso pode ser alcançado através de dois eixos: motivação e arbitrariedade, e figuração e abstração.

No eixo da motivação e arbitrariedade, um símbolo é motivado quando há uma relação clara e evidente entre ele e seu significado ou referente, enquanto é arbitrário quando não há conexão aparente entre o símbolo e seu significado. Por exemplo, as companhias aéreas Japan Airlines e Aerolíneas Argentinas são identificadas com um pássaro (uma garça e um condor, respectivamente). A escolha destes símbolos é motivada pela ligação entre o voo dos aviões e o voo das aves. Por outro lado, o símbolo da Starbucks é um exemplo de símbolo arbitrário, pois, embora tenha um conteúdo figurativo (a figura da sereia), não existe uma ligação óbvia entre essa figura e a atividade da empresa.

O outro eixo é o da figuração e da abstração. Um símbolo é figurativo quando tem uma forma que evoca ou de alguma forma representa seu referente, enquanto é abstrato quando não tem uma forma que evoca ou representa claramente seu referente. O símbolo da Penguin Books é um exemplo de símbolo figurativo, pois seu símbolo (um pinguim) motivado pelo nome da empresa (e não por sua atividade) é uma representação figurativa do animal. Na outra ponta desse eixo está a arbitrariedade. A Mitsubishi é um exemplo de marca que possui um símbolo abstrato, pois seus três diamantes vermelhos são uma representação abstrata que ao mesmo tempo não tem nenhuma ligação óbvia com a empresa.

O símbolo de Santa Clara

A construção do símbolo da empresa Santa Clara é motivada por dois conceitos-chave: família e madeira. O primeiro conceito é o familiar, já que a empresa é familiar, dirigida por Sidenei, Ivone, sua esposa e seus filhos Ana e Júnior. Ao mesmo tempo, seus colaboradores também sentem a empresa como uma família. Por isso a importância desse conceito.

Ao pensar em família, vêm à mente os sentimentos de união, alegria, apoio e a proximidade de estar em um grupo unido de pessoas, atributos que foram levados em consideração na hora de pensar na composição do símbolo. Também, ao pensar na família e sua identificação, lembramos da época da heráldica e de como os escudos eram usados ​​para identificar as famílias. Neste contexto heráldico, entendemos por família não apenas o parentesco biológico, mas também aqueles que dependem de serviços, empregados e clientes. Por isso, o símbolo tem uma marca emblemática.

O segundo conceito, a madeira, é um elemento fundamental na história da empresa Santa Clara. Desde o início, quando vendiam mudas, até hoje, onde vendem madeira tratada e casas pré-fabricadas, essa matéria-prima tem sido uma constante em sua trajetória. Além disso, no futuro, a empresa planeja expandir ainda mais, oferecendo infoprodutos relacionados à madeira.

Isso demonstra a grande importância que a madeira tem para a empresa. Por isso, fica evidente que o tronco da árvore é o elemento que inspira o símbolo da empresa, já que a madeira faz parte do seu DNA e está presente em todas as suas atividades.

A motivação para a criação do símbolo da empresa Santa Clara é a matéria-prima da sua atividade (madeira) e o conceito de família, conceitos fundamentais para a identidade da marca. O novo símbolo reúne a força de um emblema para representar a família Santa Clara e, ao mesmo tempo, funciona como garantia de qualidade. 

No que diz respeito ao figurativo-abstrato, o símbolo de Santa Clara fica no meio, pois traz elementos visuais, como toras, que remetem à matéria-prima da empresa, mas também possui certo grau de abstração. Isso permite que o símbolo seja facilmente reconhecível e associado à empresa, mantendo alguma flexibilidade para ser usado em diferentes contextos e para expandir a marca.

Em conclusão, os símbolos são identificadores da marca e são criados tendo em conta vários parâmetros de desempenho, um dos quais é a compatibilidade semântica, que pode ser determinada pela motivação e arbitrariedade, bem como pela figuração e abstração. 

Referências

  • Chaves, N. A marca corporativa: gestão técnica do desenho de sinais identificativos institucionais / Norberto Chaves e Raúl Belluccia 1 ed. 4 reimpressão.- Buenos Aires: Paidós, 2008.
  • Saussure, F.:Curso de Linguísticaem geral. Buenos Aires: Losada, 1945 e múltiplas edições.